Brasil
Pulseira inteligente: COVID-19 identificada dois dias antes de sintomas
Um dispositivo já conhecido pelo público feminino pode ter uma função importante na aferição da infecção pelo coronavírus, mesmo antes da doença se manifestar com sinais claros. Trata-se da Ava, uma pulseira aplicada normalmente para identificar o perído fértil em mulheres, e que agora está no centro de um trabalho coordenado entre especialistas da Alemanha, Holanda e Canadá, liderados por cientistas suíços, por meio de um consórcio internacional.
O dispositivo começou a ser usado para identificar a COVID-19 quando surgem os indícios fisiológicos iniciais da doença, a constatando dois dias antes do aparecimento dos sintomas. Ao longo de 2020, foram agrupadas informações de mais de 1,1 mil pessoas na pesquisa publicada nesse mês da revista científica BMJ Open.
A pulseira, que já está lançada para comercialização por cerca de R$ 1,5 mil e que deve ser usada durante a noite de sono, tem três sensores que monitoram a frequência respiratória, a frequência cardíaca, a variabilidade da frequência cardíaca, a temperatura da pele do punho e perfusão da pele (passagem de líquido pelo sistema linfático ou circulatório), e assim detecta a COVID-19.
Para essa constatação, as informações relevantes são a frequência cardíaca e respiratória, que têm alterações significativas quando a pessoa contrai o coronavírus. Quando aparecem os sintomas, está comprovada uma respiração a mais por minuto durante a noite, o coração acelera para 0.87 batidas por minuto, e a temperatura do pulso sobe para 0,18ºC.
Dentre os participantes da pesquisa, 127 tiveram a COVID-19 identificada e 68% dos indivíduos com a doença apresentaram mudanças nos parâmetros corporais que podem ser identificados pelo algoritmo desenvolvido pelos cientistas. Pelos dados matemáticos, a pulseira detectou a COVID-19 dois dias antes do portador manifestar os sintomas.
Para reunir as informações, a pulseira deve ser usada por ao menos quatro horas de sono seguidas, e coleta os dados a cada dez segundos. Durante a utilização para o estudo, os participantes sincronizaram as pulseiras com um aplicativo de celular ao despertar. Os dados do dispositivo, nesse momento, foram repassados ao sistema da Ava.
A pulseira tem a chancela da Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos. A Ava está sendo testada na Holanda em outro levantamento com 20 mil participantes, e pode representar uma estratégia de saúde pública importante para o enfrentamento da pandemia, ainda em 2022.
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