sexta-feira, 22 de novembro de 2024
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Econômia

O 1% mais rico do mundo aumenta sua fortuna e acumula o equivalente ao PIB de 19 Brasis

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foto: reprodução

A última década foi próspera para o 1% mais rico do planeta, que conseguiu aumentar suas fortunas em 42 trilhões de dólares (R$ 236,6 trilhões) – o equivalente a mais de 19 vezes o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que em 2023 foi de 2,17 trilhões de dólares, segundo dados do Banco Mundial. O valor é ainda 34 vezes superior ao reunido no mesmo período pelos 50% mais pobres do mundo. Os dados são da Oxfam e foram divulgados nesta quinta-feira (25/07), mesma data em que ministros das Finanças do G20 se reúnem no Rio de Janeiro para discutir a taxação dos super-ricos.

Descontada a inflação, a ONG afirma que o 1% mais rico enriqueceu em média 400 mil dólares na última década, enquanto que a metade mais pobre do mundo acumulou 335 dólares no mesmo período. A entidade alerta que os bilionários “têm pago uma taxa de imposto equivalente a menos de 0,5% de sua riqueza” em todo o mundo enquanto o mundo mergulha em “níveis obscenos” de desigualdade, com o resto do planeta disputando “migalhas”.

Os Super-Ricos e a Desigualdade Global

A parcela da renda do 1% mais rico nos países do G20 aumentou em 45% ao longo de quatro décadas, enquanto as taxas máximas de imposto sobre suas rendas foram reduzidas em aproximadamente um terço”, afirma a Oxfam, atribuindo a queda na arrecadação junto aos mais ricos ao que chamou de “guerra contra a tributação justa”. Segundo ela, impostos sobre a riqueza respondem hoje por menos de oito centavos de cada dólar arrecadado em receita tributária nos países do G20.

O Brasil, que ocupa a presidência rotativa do G20, grupo que reúne 80% do PIB global — e, segundo a Oxfam, quase quatro em cada cinco bilionários —, fez da taxação dos super-ricos uma prioridade em seu mandato. Nesta quinta e sexta-feira, ministros das Finanças discutem uma proposta para combater a evasão de impostos entre bilionários.

Por que a Taxação dos Super-Ricos é Importante?

Essa semana será o primeiro teste de fogo para os governos do G20. Eles têm a vontade política para estabelecer um padrão global que coloque as necessidades da maioria antes da ganância de uns poucos da elite?”, questionou o chefe de política de desigualdade da Oxfam International, Max Lawson.

França, Espanha, África do Sul, Colômbia e a União Africana apoiam a agenda brasileira, mas não os Estados Unidos, que são a maior economia do planeta. A Alemanha já sinalizou apoio à proposta no passado, mas enviou um representante à reunião desta quinta do Ministério das Finanças, gerido pelo liberal Christian Lindner (FDP), que dispensou a ideia taxando-a de “irrelevante”. Secretária do Tesouro americano, Janet Yellen afirmou nesta quinta que seu país não vê necessidade de negociar um acordo internacional nesse sentido, mas que apoia a taxação progressiva, em que ricos pagam mais e pobres, menos.

Qual a Proposta do Economista Gabriel Zucman?

“É muito difícil coordenar política fiscal globalmente”, declarou a jornalistas no Rio. “Pensamos que todos os países deveriam se assegurar de que seus sistemas fiscais são justos e progressivos.” O economista francês Gabriel Zucman, que presta consultoria tributária ao G20, calcula que a taxa de impostos para bilionários equivalha a 0,3% de suas riquezas. Em um relatório recente encomendado pelo G20, o especialista recomendou a imposição de um tributo sobre 2% das fortunas.

A questão da taxação dos super-ricos não é apenas uma discussão financeira, mas uma questão de justiça social. A acumulação de riqueza em tão poucas mãos, enquanto a maioria luta para sobreviver, mostra claramente a necessidade de mudanças estruturais no sistema tributário global. O G20, com sua reunião no Rio de Janeiro, tem a oportunidade de iniciar uma mudança significativa. Resta esperar para ver se essa oportunidade será aproveitada.

Com um olhar atento para o futuro, é essencial que governos de todo o mundo, não apenas os do G20, repensem suas políticas fiscais. A desigualdade crescente não beneficia ninguém a longo prazo e pode levar a crises sociais e econômicas ainda mais profundas. A questão central é: estamos prontos para sacrificar um pouco do conforto dos mais ricos para garantir uma vida digna para todos?

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